Em busca de um registro indefinido
"Hilanderas... em Avdella, um povo grego, 1905. O primeiro filme de Miltos e Yannakis Manakis. O primeiro da Grécia e dos Bálcãs. Mas, é certo? É o primeiro filme? O primeiro olhar?"
- "A" (Harvey Keitel)
É nas primeiras imagens em movimento de "Um Olhar a Cada Dia" (To Vlemma tou Odyssea, 1995),
que revela-se o principal sentimento que permeia a narrativa da obra e a
formação do mundo: a dúvida, pois enquanto houver história para se
debater, sempre haverá dúvidas sobre mesma. A dúvida conturba o farsesco
e autentico na mente de todos aqueles que foram atrás da veracidade de
fatos históricos. E a obra de Theodoros Angelopoulos se baseia na busca
de algo camuflado pela dúvida, tendo sua origem inúmeras vezes
questionadas por nós, espectadores ou até pelo personagem central da
obra.
"A" é um cineasta grego exilado que parte em busca de três rolos de um filme perdido que acredita ser o primeiro dos irmãos Manakis na região dos Bálcãs. Ao longo da jornada épica por uma região marcada por conflitos ideológicos, "A" tem sua mente corroída pela ânsia da descoberta de um registro histórico. Com isso, Angelopoulos consegue dissecar a força que a sétima arte possui, indo além dos conceitos que tudo compõe a imagem em movimento serve para um simples e superficial entretenimento passageiro, mostrando que o cinema atua como um registro de uma época, fotografando um Zeitgeist. Os conflitos impessoais de uma região aflita por ideologia faz com que "A" mescle seu presente e passado de maneira soturna, mostrando um ângulo emocional muito bem explorada por seu interprete: Harvey Keitel, que demonstra um olhar carregado de incerteza sobre o futuro de sua busca pelo o que seria o primeiro olhar cinematográfico de uma época tão distante.
É necessário compreender que a escolha para o nome do principal personagem da obra em questão é uma referencia a ordem alfabética. Onde "A" representaria tudo aquilo que um cineasta descobre ao olhar pelo visor de uma câmera pela primeira vez: o cinema e a verdadeira faceta do mundo, fazendo com que criemos ideias do que é falso e verossímil, causando um embate de opiniões que geram a criação da famigerada dúvida. Com isso, Angelopoulos explora a interferência da arte na composição de tempo e espaço, que por diversas vezes no filme sofre uma transposição que carrega melancolia nas memórias passadas de "A" e abrindo uma brecha para que novas memórias sejam feitas da mesma angustia de tempos marcados por um tumulto ideológico que se repete ao decorrer do tempo.
Planos longos e a trilha sonora epopeica de Eleni Karaindrou incendeia o contorno de uma jornada adentro de uma incursão, dando ênfase que o escrúpulo de "A" está em transe e a qualquer momento pode sofrer de um colapso que desestabiliza o processo de revelação da verdade.
O cinema é composto por diferentes camadas de ideais do ilusório. Que para alguns o fluxo de imagens é consequente de um fluxo de sonhos, onde a imaginação é ilimitada para criação de memórias de um novo tempo e espaço.
Por fim, a jornada de "A" interrompe todos os conceitos que circulam em nossas mentes sobre dúvida e mostra que ela nada mais é que uma consequência infeliz de nossos atos, que geram um desejo que se oculta no conforto ilusório que o mundo nos apresenta, fazendo com que alguns se aventurem no extremo risco da veracidade, afrontando fatos históricos. E especialmente para nós, cinéfilos, aventurar-se pela verdade pode ser interpretado como expandir os horizontes de um fluxo de sonhos conhecido como cinema, indo nas mais profundas camadas de sua formação.
"A" é um cineasta grego exilado que parte em busca de três rolos de um filme perdido que acredita ser o primeiro dos irmãos Manakis na região dos Bálcãs. Ao longo da jornada épica por uma região marcada por conflitos ideológicos, "A" tem sua mente corroída pela ânsia da descoberta de um registro histórico. Com isso, Angelopoulos consegue dissecar a força que a sétima arte possui, indo além dos conceitos que tudo compõe a imagem em movimento serve para um simples e superficial entretenimento passageiro, mostrando que o cinema atua como um registro de uma época, fotografando um Zeitgeist. Os conflitos impessoais de uma região aflita por ideologia faz com que "A" mescle seu presente e passado de maneira soturna, mostrando um ângulo emocional muito bem explorada por seu interprete: Harvey Keitel, que demonstra um olhar carregado de incerteza sobre o futuro de sua busca pelo o que seria o primeiro olhar cinematográfico de uma época tão distante.
É necessário compreender que a escolha para o nome do principal personagem da obra em questão é uma referencia a ordem alfabética. Onde "A" representaria tudo aquilo que um cineasta descobre ao olhar pelo visor de uma câmera pela primeira vez: o cinema e a verdadeira faceta do mundo, fazendo com que criemos ideias do que é falso e verossímil, causando um embate de opiniões que geram a criação da famigerada dúvida. Com isso, Angelopoulos explora a interferência da arte na composição de tempo e espaço, que por diversas vezes no filme sofre uma transposição que carrega melancolia nas memórias passadas de "A" e abrindo uma brecha para que novas memórias sejam feitas da mesma angustia de tempos marcados por um tumulto ideológico que se repete ao decorrer do tempo.
Planos longos e a trilha sonora epopeica de Eleni Karaindrou incendeia o contorno de uma jornada adentro de uma incursão, dando ênfase que o escrúpulo de "A" está em transe e a qualquer momento pode sofrer de um colapso que desestabiliza o processo de revelação da verdade.
O cinema é composto por diferentes camadas de ideais do ilusório. Que para alguns o fluxo de imagens é consequente de um fluxo de sonhos, onde a imaginação é ilimitada para criação de memórias de um novo tempo e espaço.
Por fim, a jornada de "A" interrompe todos os conceitos que circulam em nossas mentes sobre dúvida e mostra que ela nada mais é que uma consequência infeliz de nossos atos, que geram um desejo que se oculta no conforto ilusório que o mundo nos apresenta, fazendo com que alguns se aventurem no extremo risco da veracidade, afrontando fatos históricos. E especialmente para nós, cinéfilos, aventurar-se pela verdade pode ser interpretado como expandir os horizontes de um fluxo de sonhos conhecido como cinema, indo nas mais profundas camadas de sua formação.
"Cinema-verdade? Prefiro o cinema-mentira. A mentira é sempre mais interessante do que a verdade."
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